terça-feira, 2 de setembro de 2014

Nascer é normal - Sentidos do Nascer - Boletim UFMG e BH Pelo Parto Normal


Nascer é normal
UFMG dá início ao projeto Sentidos do nascer, que divulga e incentiva a redução de cesarianas




O alto índice de cesarianas desnecessárias e prejudiciais para a saúde da mulher e do bebê voltou ao noticiário com a recente divulgação de resultados preliminares da pesquisa Nascer no Brasil, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Um dos dados mais preocupantes do levantamento revela que o índice de partos cesáreos ­alcançou 56,7% em 2012, quando o limite máximo sugerido pela Organização Mundial de Saúde é de 15%.
É nesse contexto que se insere o projeto da pesquisa-exposição Sentidos do nascer, coordenado pelo Departamento de Ciências Aplicadas à Educação da FaE, com participação da Escola de Enfermagem, da Escola de Belas Artes e da Faculdade de Medicina. O projeto se dá em parceria com a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte e com o movimento Bh pelo parto normal, e conta também com a participação de outras universidades e entidades: USP, UFF, PUC Minas, PUC Rio, UNB, além da Fiocruz.
Parte do movimento que incentiva o parto normal, Sentidos do nascer é um dos 12 projetos selecionados pela Fundação Bill & Melinda Gates para patrocínio. Em parceria com o Ministério da Saúde e o CNPq, a Fundação está liberando R$ 8,4 milhões para projetos focados em diminuir as taxas de nascimento prematuro no Brasil. "Uma das causas é a marcação da cesariana com antecedência, antes do trabalho de parto, por razões não médicas", lembra o professor Bernardo Jefferson de Oliveira, do Departamento de Ciências Aplicadas à Educação e coordenador do projeto.
Os recursos para o ­desen­volvimento do Sentidos do nascer estão sendo liberados para a UFMG por meio de convênio com a Fundep, e o cronograma de atividades prevê atividades até abril de 2016. O carro-chefe é uma exposição interativa que visa provocar uma mudança da percepção sobre o nascimento, valorizando o parto normal, de forma a contribuir para a redução da cesariana desnecessária e da prematuridade no Brasil.

A saúde e o mercado
Ainda que na literatura científica já seja razoavelmente pacífico e bem embasado o entendimento de que a cesariana traz riscos desnecessários à mãe e ao bebê – e que por isso deve ser indicada apenas como último recurso, com especificidade e não generalidade –, o percentual de cesarianas continua crescendo, muitas vezes com a anuência e até mesmo com o incentivo da classe médica, em específico a ginecologia e a obstetrícia.
"A intenção é efetivamente realizar uma exposição provocadora. Temos consciência de que precisamos enfrentar reações contrárias de setores acostumados com os altos índices de cesarianas desnecessárias no Brasil, ou que delas se beneficiam", diz o professor.
"Queremos promover um empoderamento das mulheres, dos homens que são os pais, da sociedade de maneira geral, para a contestação de práticas que, apesar de serem obsoletas e prejudiciais à mulher e ao bebê, continuam amplamente utilizadas. Até mesmo os alunos de medicina recebem formação equivocada. Nosso objetivo é promover uma mudança de comportamento, de cultura, por meio da informação", diz.

Frentes simultâneas
Sentidos do nascer é o único projeto entre os patrocinados pela Fundação Bill & Melinda Gates que não se limita à área biomédica. "A educação e as ciências humanas, em geral, podem desenvolver importantes ações na direção de uma mudança de comportamento e cultura", diz Bernardo Jefferson. O projeto contempla simultaneamente exposição e pesquisa: será realizada análise multimetodológica que compreenderá estudos qualitativo (com grupos focais) e quantitativo (por meio de entrevistas com os visitantes) e acompanhamento de repercussão via redes sociais.
A exposição será montada em São ­Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte e ficará por cerca de três meses em cada cidade. A estreia da exposição acontecerá na UFMG, em março de 2015. "Estamos desenvolvendo um ambiente imersivo para envolver os visitantes nas discussões sobre o assunto, com o uso de recursos audiovisuais. Dois roteiros expositivos vão explorar o parto normal e a cesariana, e exibições vão apresentar as sensações do bebê e da mulher no momento do nascimento, confrontando o visitante com as distintas formas de se viver a experiência", detalha o professor Bernardo Jefferson.

Transportadores na gravidez
A UFMG também participa de outro projeto entre os 12 financiados pela Fundação Bill & Melinda Gates. O estudo Transportadores ABC na gravidez e no parto prematuro é coordenado pela professora Tânia Ortiga, do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e conta com a colaboração dos professores Fernando Reis e Regina Aguiar, da UFMG – além de pesquisadores das universidades de Toronto e de Otawa (Canadá).
A pesquisa investigará a expressão dos chamados "transportadores ABC", ou "ATP-Binding Cassette Transporters", nos tecidos intrauterinos. O objetivo é entender como o trabalho de parto e as infecções intrauterinas modificam esses transportadores, responsáveis pela passagem transplacentária de medicamentos e por fatores relacionados à indução do trabalho de parto.
O estudo tem potencial para colaborar com a descoberta de estratégias para a prevenção do parto prematuro, “especialmente em mulheres infectadas com malária e outras doenças prevalentes no Brasil e em outros países tropicais”, afirma o professor Fernando Reis.

Um comentário:

  1. Acho muito positivo essa iniciativa. Gostaria muito ter passado por essa experiência do parto normal, mas na primeira gestação entre a 34ª e 36ª semana tive alteração da pressão arterial, tendo minha filha nascido um pouco antes da 38ª semana por cesariana, não tinha dilatação. Amamentei com muito amor e carinho. Segundo o médico eu não poderia mais engravidar, correria sérios riscos. Em 2005, contrariando o médico, retirei o DIU e me entreguei a uma segunda gravidez. Mas ainda não foi aí que tive o parto normal, pois apesar de levar a gestação a termo, completei o tempo, mas tive novamente pré eclampsia, e nem um centímetro de dilatação. Amamentei meu filho e doei leite.....Já entrando nos 40, entrei no período da menopausa, tendo dois filhos maravilhosos....Eu ainda na segunda gestação, pedia a Deus me conceder parto normal, hoje acho graça, porque no oitavo mês fazia força (como que empurrando o bebê para baixo)... Aconselho minhas amigas mamães e amigos papai a optarem (sempre que possível) pela forma mais natural de receber seus filhos.......(Fátima)

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